quarta-feira, 30 de julho de 2014

Filosofias em Luta - Guerra e Revolução

Por venerável Fulton Sheen

Parte I




Guerra e Revolução

" Há duas maneiras de encarar a guerra atual: a do jornalista e a do teólogo. Se a observarmos com os olhos do jornalista ou de comentador, veremos nela apenas uma sequência de eventos sem causas remotas no passado, sem qualquer grande desígnio para o futuro. Se a observarmos porém com os olhos de Deus, então a guerra não aparecerá despida de sentido, muito embora não nos seja dado, no momento presente, compreender os seus particulares.

Será talvez uma purgação premeditada do mal deste mundo, a fim de que nele possa renascer a liberdade à sombra da santa lei, pois:

  ' Todos os caminhos humanos levam a Deus, Que tem em Suas mãos miríades de fios, mais brilhantes do que o ouro. E fortes como desejos divinos, que nos atraem para Ele, numa sutil tensão ascensional'  - (E.C.Stedman - Protest of Faith)

Nossa tomada de contato é do ponto de vista divino, antes do mais por proporcionar a única explicação adequada aos fatos; e a seguir porque  o povo dotado de inteligência, quer compreender porque isso vem acontecendo.

Sabemos todos contra o que combatemos, queremos saber pelo que combatemos. Sabemos todos que estamos envolvidos numa guerra; queremos saber o que devemos fazer para criar uma paz duradoura. Sabemos a quem odiamos; queremos saber o que deveríamos amar. Sabemos que estamos lutando contra a barbárie que é intrinsecamente má; queremos saber o que nos compete fazer para tornar impossível o ressurgir do mal.

Esta guerra não é:

1 - Um  mero conflito político ou econômico, mas de preferência um conflito teológico. Não é política nem econômica, porque a política e a economia ocupam-se apenas dos meios de viver. E não foram exatamente os meios de viver que se corromperam,  mas as finalidades.

Nunca antes, na história deste mundo, houve tão opulentos recursos de vida.  Nunca antes existiu tamanho poder, nunca homens tão aptos a utiliza-lo na destruição da vida humana. Nunca antes houve tanta riqueza material; e nunca também tamanha pobreza. Nunca houve tanta comunicação e nunca estivemos tão segregados pelo ódio, pela competição e pela guerra.

Esses meios de viver não mais nos proporcionam a paz e a ordem, porque pervertemos e esquecemos os verdadeiros fins da vida.  Não foi a polítca que azedou, nem a nossa economia que se enferrujou, porém o nosso coração. O motivo de haverem falhado a política e a economia como processos para realizar a paz, é que ambas se abstrairam do fim de intenção da vida. Vivemos a agimos como se não tivéssemos sido criados por Deus. E daí não ser esta guerra, em aspectos fundamentais, nem política, nem econômica, porém teológica.

Não foi ela  causada por ditadores malvados. Muitos pensam que se pudessemos  livrar o mundo desses desalmados, voltaríamos a uma era de relativa prosperidade, em que só teríamos de cuidar eventualmente de um qualquer concidadão que pussesse água no leite. Que engano! esses diatadores não criaram o mal deste mundo, mas são, ao invés, as suas criaturas; não passam de borbulhas à flor da pele. E se apareceram é porque o sangue está corrompido. Não adianta furar as borbulhas, se deixarmos perdurar o foco de infecção.

Esquecemos que, de 1914 a 1919, nosso clamor era " livrai o mundo do kaiser e teremos paz". Pelo contrário, preparamo-nos para uma nova guerra, no decorrer de 21 anos. Bradamos: " livrai o mundo de Hitler e teremos paz!" Não, não teremos! Só no livraremos dos ditadores e teremos paz se nós mesmos proporcionarmos as forças morais e espirituais cuja carência produziu Hitler  e tantos outros.

A paz não sucederá ao extermínio dos ditadores, porque estes são meros efeitos de erradas filosofias da vida e não causas. Tivéssemos nós probidade e haveríamos de reconhecer que somos todos cidadãos de um mundo apóstata, de um mundo que abandonou Deus. Por esta apostasia somos todos responsáveis e ninguém mais do que nós, cristãos, tidos como o sal da terra, destinados a prevenir a corrupção. Não! Não foram os maus ditadores que tornaram mau o mundo; foi o mau modo de pensar. E, por conseguinte, é no reino das idéias que teremos de reintegrar o mundo!

Fonte: Filosofias em Luta .

Depois continuamos.

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